O Nascer de um Espetáculo que Fala de Liberdade

Foi numa dessas noites em que a sala de visitas de minha casa fica cheia. Todos unidos muitas vezes, por ideais semelhantes e já predestinados a uma conclusão de algo 'sempre quase pronto' a grandes desafios. Nesta referida noite, os assuntos que rolavam tinham sempre uma ligação real com o que vivemos e sentimos no nosso dia-a-dia. Então falar de coisas do passado, relembrar a infância e principalmente os sonhos e as estratégias para as devidas conquistas, fizeram, então nascer o Solo de Dança Contemporânea "Um Muitos Fora da Lata"; pesquisa própria do Bailarino Tiago Sousa, dentro de um investimento experimental em parceria com o "Stúdio de Dança Jorge Queiroz" (Bailarino orientador) e a "Cia. Wancilu's Gat. Produções" (Empresa Produtora).
O Bailarino Tiago Sousa, idealizador da performance pretende através da dança contemporânea e, numa "fusão" com o Balet Clássico, criar reais condições de levar o público a refletir sobre várias possibilidades em relação as prisões que o homem criou para uso próprio.
A pesquisa baseia-se numa história em que a personagem principal, passa quase todas as tardes a cantarolar com uma lata na cabeça. O homem da história é um senhor já falecido que morava na famosa ladeira do chafariz, Rua Cel. Ludgero no Bairro Pinto Madeira. Ele popularmente conhecido como seu Bandeira.
É claro que a história e o citado homem, servem apenas de base para o espetáculo que transforma um simples gesto de está com uma lata na cabeça, em algo que possa servir de base para a reflexão.
Nos tempos atuais, refletir é um bom meio de viver melhor; e a arte como sabemos, estabelece uma relação real com o individuo, sendo assim, capaz de transformá-lo.
Talvez o "grito" que é dado pelo bailarino com todos os elementos circunstanciados propositalmente, nos leve a compreender o que agora denominamos de "Um Muitos Fora da Lata"; espetáculo das artes cênicas que pode acontecer em qualquer espaço que ofereça as devidas condições de montar uma instalação que conta com cordas espalhadas por um espaço determinado pela a produção do mesmo, nas ocasiões de montagem da referida instalação – Cenografia do espetáculo que conta ainda, com várias latas presas por fios de nylon penduradas e também espalhadas criteriosamente.
De inicio tudo conspirou para dentro de uma sala acontecer o primeiro experimento com a presença do público. A ocasião se deu no FETAC/2007 (Festival de Teatro Amador de Acopiara-Ce. – Dentro da Programação Paralela do referido evento) e em outras circunstancias no palco tipo italiana. Acreditamos que as sensações variam conforme espaço de execução do experimento. Agora, nesta 9º Mostra SESC Cariri de Cultura, faremos o experimento no dia 12 (Segunda-feira) no Teatro Rachel de Queiroz na programação do "Cena do Cariri" espaço aberto para os grupos locais, como momento oportuno de mostrar o que temos de melhor sob uma ótica que se estabelece nos procedimentos do próprio evento. Não deixe de prestigiar o "Cena do Cariri" é lá que os espetáculos do Cariri se apresentarão.

por Wanderley Tavares